Daniel mattos – capítulo 6 – Assassinato no hotel:

014 se virava na cama do hotel; não conseguia dormir depois daquele confronto com Rubens. Ele tinha tentado explicar a situação ao Rubens, mas ele não deu ouvido. Por pouco Daniel não sofrera uma agressão. Tinha escapado por um triz de levar uma boa surra.

Súbito, um grito cortante penetrou o silêncio da noite no hotel; um “ahh” de deixar até os ossos paralizados.

014 tinha recebido treinamento para essa situação. Levantou-se e do jeito que estava, saiu para o corredor. Descalço e de roupa de cama, chamaria a atenção se alguém o visse. Mas o corredor estava vazio, aparentemente ninguém tinha ouvido o grito agonizante. Correu pisando macio até a porta de Rubens. Colou o ouvido na porta; nada, tudo no mais absoluto silêncio. “Silêncio de morte!” - 014 pensou - “Brrr!”

Tomou distância da porta e chocou-se contra ela: “Blum!” - a porta cedeu com o encontrão.

014 olhou ao redor: tudo calmo. Entrou. Tateando a parede mais ou menos na mesma direção de seu quarto, encontrou o interuptor. Apertou: nada. “Sem luz.” - o coração batia forte.

Aos poucos foi se acostumando com a penumbra. Notou uma cadeira caída, devia estar encostada à porta. Perto da cadeira, um tripé que servia de porta-revistas. Daniel pegou-o; não sabia o que iria encontrar. Usando o tripé como arma de defesa, foi andando até a cama, tropeçando em um monte de móveis caídos. Estranhou, o apartamento lhe paracera bem menos mobiliado.

Girou o olhar em redor e ficou estático quando olhou para o leito: inconfundível, a silhueta do que fora Rubens se destacava do lençol branco, que dava uma visão fantasmagórica. Tomou o pulso só para constatar: morto. Lutando para sair do topor que a visão da morte tão perto havia causado, raciocinou: “Os móveis tombados e tudo revirado significa que os caras queriam alguma coisa, e pode ser que encontraram, mas se não encontraram, vão voltar, preciso ser mais rápido. O que será que motivou a morte dele? Será que souberam da conversa comigo? Carlos me viu entrando no apartamento hoje... O laptop. Cadê o laptop? Preciso dele. Rubens tentou escondê-lo de mim. Tem alguma coisa alí que eu preciso saber.”

Mas por mais que procurasse, não encontrava o abençoado objeto. Olhou até debaixo do colchão; nada. Só aí é que percebeu: o que os caras procuravam era o laptop. “E conseguiram!” - 014 estava nervoso consigo mesmo - “Mas não me conhecem. Nem eu me conheço direito. Agora é tudo ou nada. Como Rubens disse, estou aonde não há volta. E não quero voltar!”

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